Resultados da operação “Pedalar em Segurança”

Terminou há uns dias a operação “Pedalar em Segurança” levada a cabo pela PSP. Embora seja de louvar a iniciativa principalmente por ter um carácter pedagógico e de sensibilização, é triste ver a comunicação social tentar passar a mensagem errada com os títulos escolhidos. Os resultados da operação mostram também que mais importante do que canalizar esforços e recursos para acabar com o não cumprimento de alguns ciclistas, é mesmo urgente controlar os maus comportamentos de quem tem nas suas mãos um veículo com um potêncial mortífero bastante elevado.

Como referi, os títulos das notícias foram do género: “Mais de 80 detenções e de 1600 multas na operação Pedalar em segurança da PSP” ou “PSP detém 81 pessoas na operação «Pedalar em Segurança»“. Quem lê estes títulos fica com a ideia de que os números de detenções e de multas estariam relacionados com o incumprimento dos ciclistas, um dos grandes problemas da sociedade, já se sabe!

Mas olhando para os resultados, a realidade não poderia ser mais diferente:

Total de veículos fiscalizados: 11 665 veículos (100%)

    • 8 833 automóveis (75.7%)
    • 2 169 bicicletas (18.6%)
    • 663 motociclos (5.7)

Num total de 1685 multas, apenas  37 ciclistas foram multados! Ou seja, apesar de o número de utilizadores de bicicleta representar 18.6% dos fiscalizados, o número de multas a ciclistas representa apenas 2.2% do total das mesmas! 

E qual o tipo de infração mais generalizada? 22 ciclistas que não tinham documentos de identificação, 13 identificados por desobedecerem ao sinal encarnado dos semáforos, um por conduzir a bicicleta sem as mãos no guiador e outra por circular em paralelo com mais do que uma bicicleta. 

Desta operação resultou ainda a detenção de 81 condutores (nenhum ciclista), sendo a maioria por condução sob a influência do álcool (39) e falta de carta de condução (32).

Qual é mesmo o grande problema na segurança rodoviária?

Miguel Barroso

EDIT: o site pedais.pt publicou hoje também um artigo com o mesmo teor – as contas são apresentadas de maneira diferente, mas as conclusões são as mesmas – pena que o jornalismo de grandes audiências não tenha o mesmo rigor.